Entrei,
E vi a verdade nua e crua.
A cor do medo,
A fúria da vitória
Empurrando-me para a frente.
Gritei e ouvi o eco do meu grito
Abanar o mundo e sacudir as estrelas.
Ergui os meus braços para a noite escura,
Ainda mais clara que a minha alma,
E chorei de alívio e raiva
Por me livrar da minha inocência.
Castiguei as minhas perguntas,
Respondendo-lhes...
E senti a chuva purificar-me até aos ossos.
Senti vontade de explodir,
De me desintegrar em mil pedaços,
Que formariam depois uma pessoa qualquer!
Dancei com o meu medo
E lutei contra a minha sorte.
Fechei os olhos e quando os abri...
Já não tinha mais alma!...
Ela anda perdida por aí...
Cinzenta e solúvel como o nevoeiro,
Soando tão só como o toque dos sinos de madrugada.
Deixou de ser minha prisioneira,
Escrava dos meus complexos e receios
E advogada dos meus sonhos e sentimentos.
Está livre e solta... Forasteira e escorraçada,
Como se tivesse raça, cor ou sexo.
De canto para canto,
Ignorando a verdade que eu vi e conheço.
Trocamos de lugar...
Sou eu que estou do outro lado do espelho, agora.
by: Hugo Emanuel dos Santos Faria